Anteontem, dia 24, recebi a auspiciosa notícia, através do colega e vizinho Antônio Oliveira, de que uma bela placa, na qual fora estampado o meu poema Noturno de Oeiras, com a finalidade de ser afixada em algum local do Fórum da nossa antiga capital, fora concluída. Antônio, dinâmico juiz auxiliar da presidência do Tribunal de Justiça do Piauí e jurista com livro publicado, fora o “padrinho” dessa placa, cuja autorização para sua confecção conseguiu junto ao presidente Des. Erivan Lopes. Com zelo e presteza, ele acompanhou o projeto, inclusive me tendo enviado, na época própria, o seu modelo para revisão e aprovação.
Recomendou-me fosse ao departamento de Engenharia, para juntamente com seu diretor, escolhesse o melhor local, dentre os disponíveis e adequados, para a sua aposição. No dia seguinte cumpri a sua recomendação. Quando liguei para a diretora do Fórum, a juíza Socorro Cipriano, recebi a grata notícia de que esse suporte já fora entronizado no dia anterior, por ocasião dos trabalhos de instalação do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania – Cejusc de Oeiras. Enviou-me sua foto, pela qual constatei fora ela colocada em excelente local; exatamente no ponto que o engenheiro Otávio Nogueira e eu concordamos em sugerir.
Além desse fato em si mesmo, outro motivo adicional de meu contentamento é que encerrei minha carreira de magistrado (aos 39 anos de serviço público, 17 dos quais dedicados à judicatura, sem nenhum tipo de punição, nem mesmo advertência ou repreensão, conforme documento emitido pela Corregedoria), na qualidade de titular do Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca de Oeiras, cidade que me fascina desde quando eu, ainda menino, nela ouvi falar, através de conversa e leitura em livro didático, salvo engano de título Meu Tesouro.
Depois, ainda em minha juventude, como fiscal da extinta Sunab – Delegacia do Piauí, estive nela algumas vezes, a serviço. Quando assumi, em 1988, a presidência da União Brasileira de Escritores do Piauí – UBE-PI, nela realizei um Encontro de Escritores, com literatos nativos e de vários outros municípios, inclusive da capital. Revia, com emoção sempre renovada e amplificada, seus vetustos prédios e antigos logradouros, alguns deles da primeira metade do século XVIII.
Por ocasião desse Encontro literário, tive a oportunidade de rever ou conhecer vários poetas e escritores da velhacap, entre os quais cito Possidônio Queiroz, José Expedito Rego, Rita Campos e o promotor de Justiça Carlos Rubem. Os três primeiros já se encontram numa das moradas da casa do Pai, enquanto o Carlos continua em plena atividade cultural, ele que sempre foi um defensor e promotor da Cultura e do patrimônio de sua terra.
Nessa minha ligação afetiva e sentimental com Oeiras, consegui vários galardões, que, conquanto recebidos com a humildade de quem sabe que não os mereceu, fica mesmo assim desvanecido por tê-los recebido, entre os quais a Medalha do Mérito Visconde da Parnaíba, o diploma de sócio correspondente do Instituto Histórico de Oeiras, e ter o meu livro Rosa dos Ventos Gerais sido objeto de estudo e análise por alunos do 3º ano do ensino médio do Instituto Barros de Ensino.
Esse educandário, em noite memorável, com apresentação de dança, música e jogral, alguns anos atrás, promoveu o lançamento de meu livro Noturno de Oeiras e outras evocações, apresentado pelo jurista e escritor Moisés Reis. Por último, eu que, por vocação e devoção, já me considerava um oeirense por conta própria, como diz um amigo meu, tive a satisfação de saber que me foi concedido o Título de Cidadão Honorário de Oeiras, por decisão unânime da Augusta Câmara Municipal, que ainda não me foi entregue.
Eu estava feliz com a minha promoção para a vetusta urbe, que já havia cantado e louvado em verso e prosa, quando, poucos dias depois, recebi a impactante notícia, transmitida por minha mulher, de que os exames que eu fizera constataram que eu fora acometido por um novo CA. Apenas no último dia de minha atividade no juizado, reuni os servidores para lhes dar a informação sobre a minha saúde e sobre o tratamento que enfrentaria. De todos guardo boas recordações, e lhes sou grato pelo bom serviço prestado.
Tive de ir fazer radioterapia e acompanhamento médico em Teresina, razão pela qual não mais retornei a Oeiras na condição de magistrado ativo, posto que me aposentei no dia 20 de dezembro de 2014. Nessa curta temporada de minha serventia, doei ao Fórum de Oeiras um quadro com ilustração colorida, no qual se encontrava vazado o meu multicitado poema, do qual se tornou zeloso guardião o amigo Benedito (Bené) Carneiro, exemplar servidor público.
Por fim, só me resta agradecer, mais uma vez, aos ilustres magistrados Antônio Oliveira e Socorro Cipriano, bem como ao Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, pela confecção e aposição desta nova placa, em metal inoxidável, em local de destaque do belo e novo prédio da Comarca de Oeiras. Noturno de Oeiras, com essa linda placa, marca mais um tento, “um verdadeiro gol de placa”.